Conto: Se não me falha a memória (O garanhão italiano)

 


As crianças, se reuniram em torno da matriarca mais velha de sua família e lhe pediram que contasse uma história de sua vida. A senhora, já um pouco afetada pelo Alzheimer, começou toda alegre a narrar suas desventuras amorosas: “Tinha um garanhão italiano, que certa vez se interessou por mim, eu ainda era jovem e tímida, mas tinha um fogo que ardia mais que as chamas do inferno!”. A filha, vendo para onde ia o causo a interrompeu; “Mamãe! Eles são crianças! Tem certeza que não tem uma história menos apimentada para contar? Os pequenos entraram em êxtase vendo a proibição e passaram a repetir em voz alta: “Garanhão italiano! Garanhão italiano!”, mas a velha, irritada, com a repreensão, retrucou: “A mãe de vocês não quer!”. A filha condoída pelo gesto anterior, emendou: “Porque não conta a história do papai e como vocês se conheceram”. “Seu pai? Tem certeza que quer ouvir? Você está me deixando confusa!”, então a filha assentiu com a cabeça, agora mais calma que o conflito se encerrara. A velha pigarreou e prosseguiu: “Então, como eu estava contando, o garanhão italiano…” 

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